Mariana Neves, João Martins, Jorge Canhoto
Centro de Ecologia Funcional, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, 3000-456 Coimbra.
O kiwi (Actinidia deliciosa) é uma espécie trepadeira conhecida pelos seus frutos comestíveis, muito apreciados pelas suas qualidades organolépticas. Sendo uma espécie dióica, a polinização ocorre naturalmente quando as plantas masculinas e femininas se encontram num mesmo local ou quando é realizada artificialmente. Neste último caso, o pólen é recolhido pelos agricultores ou comprado a empresas especializadas sendo depois aplicado nos pomares. Para que a polinização artificial seja eficaz, o pólen deve ser viável e ter uma boa capacidade germinativa. Uma maneira eficaz de determinar a viabilidade do pólen é proceder à sua germinação in vitro, em meios de cultura adequados. Neste trabalho, a capacidade germinativa de pólen de kiwi de diferentes proveniências (comercial e recolhido a partir de plantas masculinas de diferentes cultivares em pomares portugueses) foi avaliada utilizando um meio mínimo que se provou ser adequado para a germinação. Para além de sacarose, em concentrações variáveis (3 – 30% w/v), o meio continha os seguintes elementos minerais: 15 mg/l CaCl2, 10 mg/l KNO3, 5 mg/l H3BO3. Foram testadas culturas em meio líquido, meio gelificado (com agar ou outros agentes gelificantes) e em papel celofane poroso. Os resultados mostraram que a germinação do pólen in vitro pode ocorrer em meios sem sacarose ou outro açúcar, mas em percentagens muito reduzidas, de 1 a 3% consoante a sua proveniência. Quando se utilizaram concentrações de sacarose de 6% as taxas de germinação ultrapassaram os 90%. A adição ao meio de cultura de ácido giberélico (GA3) teve um efeito promotor da germinação, observável quer no aumento das taxas de germinação quer no comprimento do tubo polínico. A germinação do pólen associado a agentes dispersores, como esporos de Lycopodium sp., fibrilhas de celulose, pectinas e carragenanas foi testada in vitro tendo-se observado que a mistura com estes componentes não favorece a germinação. Finalmente, foram realizados ensaios de polinização in vitro, e a germinação e crescimento do tubo polínico no estilete analisada. Os resultados mostraram que o pólen de diferentes proveniências germina bem no estigma sem que se tenham observados diferenças significativas. Os resultados mostraram ainda que o pólen pode ser conservado (-20 ºC) durante um ano sem perdas acentuadas de capacidade germinativa, mas após 2 anos de conservação verifica-se uma perda de potencial que ronda os 5% ao ano. Finalmente, importa salientar que a densidade do pólen é um factor crítico na germinação, com densidades de 100 grão/cm2 a permitirem taxas de germinação muito superiores a densidades de cultura mais reduzidas (10 grãos/cm2).
Palavras-chave: Ácido giberélico, Actinidia deliciosa, conservação, densidade, flores femininas
Desenvolvimento de estratégias que visem a sustentabilidade da fileira do kiwi através da criação de um produto de valor acrescentado
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